Páginas

terça-feira, 30 de maio de 2017

Rota Romântica


PARA ENXERGAR BEM - ROTA ROMÂNTICA

Para quem gosta de viajar, a beleza da experiência não está apenas na chegada ao destino, mas em todo o caminho percorrido. Quando a viagem em si já é uma jornada, aproveitar cada segundo fica ainda mais fácil. Os alemães entendem disso como ninguém: a rota romântica, trajeto de 380 km que liga 28 cidades na Baviera, não é apenas o roteiro de viagem mais popular do país, é também um dos passos mais importantes que o turismo alemão deu para se reconstruir após a Segunda Guerra.

No entanto, quem percorre o trecho que vai do rio Meno aos Alpes mergulha em uma narrativa muito mais antiga que o século XX. As cidades preservadas datam da Idade Média, o que faz a rota lembrar muito uma viagem no tempo pela história da Alemanha.

 

O meio mais popular para percorrer o roteiro costuma ser o carro, incentivado pela excelente infraestrutura das autobahns alemãs, mas as possibilidades são as mais diversas: os turistas podem utilizar os trens que ligam Frankfurt a Munique ou o ônibus exclusivo da rota. Com ele, é possível partir de Frankfurt ou Munique e parar em cada cidade com apenas uma passagem. Como a validade do bilhete é de seis meses, o viajante tem a liberdade de ficar quanto tempo quiser em cada parada.

Mas para quem gosta de ainda mais aventura, é possível fazer a viagem de bicicleta e ter o bônus de passar por uma das mais importantes estradas do Império Romano: a Via Cláudia Augusta. Localizada na parte sul do roteiro, era muito utilizada pelos romanos como rota comercial que ligava a Alemanha à Itália.

Não existe uma determinação de ponto final ou inicial da rota, os turistas escolhem quantas e quais cidades querem visitar. No entanto, alguns pontos se destacam como os mais frequentados devido às suas imperdíveis atrações, especialmente os castelos de tirar o fôlego e as coloridas cidadelas medievais.  Embora o nome rota romântica venha da preferência de muitos artistas e poetas por essas cidades durante o século XIX, período do romantismo, a paisagem inspira a contemplação e o carinho, um cenário perfeito para casais.

A primeira cidade desta lista é Wuzburg, lar do maior monumento barroco alemão, o Residence Palace. Considerado patrimônio cultural pela UNESCO, o castelo é sede da State Gallery e do Hofgarten, um delicado jardim com heranças barrocas e influências do período rococó. É possível fazer visitar guiadas pelo palácio em inglês ou alemão e a visitação ao jardim é gratuita.

Outra marca registrada da cidade é a Festung Marienberg, uma fortaleza medieval que data do século XIII e até hoje domina a paisagem da cidade. Em uma só visita é possível conhecer a fortaleza, o jardim Fürstengarten, o portão Scherenberg e a igreja Marienkirche.

Os visitantes costumam pernoitar em Wurzburg para aproveitar a deliciosa comida da Baviera e a calorosa hospedagem local.  Depois, é hora de seguir viagem para Rothenburg ob der Tauber, uma pequena cidade que é considerada por muitos a mais bonita do trajeto.

 

 

Tudo em Rothenburg lembra a Idade Média: suas vielas de paralelepípedo, a muralha decorada com flores, as casas coloridas em estilo enxaimel, os portões e torres. Rotenburg abriga um dos conjuntos arquitetônicos medievais mais bonitos de toda a Alemanha, além de vários museus dedicados ao tema e é também famosa por realizar uma das decorações de natal mais bonitas de todo o país.

A próxima parada, Augsburg, não fica devendo nada às vizinhas quando o assunto é importância histórica. A cidade é lar da família Fugger, que estava entre as mais ricas do mundo na Idade Média e promoveu grandes melhorias no local desde então, como os Fuggerei, o primeiro conjunto habitacional do mundo, criado em 1521 por Jakob Fugger. A prefeitura de Augsburg também é uma grande atração local, impressionando por seu exterior e principalmente pelas atrações interiores, como o Goldener Saal, ou Salão Dourado, cujas paredes e teto são folheados em ouro 24k.

A abadia de St. Ulrich e Afra é outro destaque da cidade, assim como os festivais criados em homenagem a seus ilustres moradores, a família Mozart e o dramaturgo Bertold Brecht. Em todo o ano são abundantes as opções gastronômicas, especialmente nos bares e restaurantes do centro da cidade, que é também a terceira maior da Baviera.

A última parada é Füssen, cidade que ganhou fama mundial pelos castelos ao seu redor.  O mais famoso deles, o Neuschwanstein, serviu de inspiração para o castelo da Cinderela, criado por Walt Disney em Orlando.  Na verdade, seu grandioso projeto nunca foi concluído devido à morte de seu idealizador, o rei Ludwig II da Baviera, que desejava torná-lo o castelo mais bonito do mundo. Seu nome, que significa “novo cisne de pedra” é inspirado nas óperas do compositor Richard Wagner, amigo de Ludwig II.

Hohenschwangau  pertenceu ao pai de Ludwig II e foi onde o rei passou sua infância. O castelo tem vista para o Neuschwanstein e é completamente aberto à visitação, pois todos os seus cômodos estão completos. Mas Füssen oferece ainda mais atrações a seus visitantes.

A cidade também é famosa pela tradição do artesanato e no Altstadt, o centro histórico, os viajantes encontram diversas opções de entretenimento e gastronomia. Lá também está localizada a entrada para a Via Cláudia Augusta, um encanto a mais para os amantes de bicicletas.

Com tantos pontos turísticos para admirar, impossível não se apaixonar pelas belezas da Rota Romântica, um destino de férias que inspira o olhar para a tradição e o esplendor das épocas passadas, mas também convida à fruição do tempo presente. Uma viagem para aproveitar cada momento sem pressa e não esquecer jamais.

 


quarta-feira, 10 de maio de 2017

Chikungunya pode levar a danos irreversíveis nos olhos

Exames oftalmológicos feitos em pacientes que tiveram chikungunya revelaram lesões de diferentes graus (Foto: Hermelino de Oliveira Neto/Divulgação)

Chikungunya pode levar a danos irreversíveis nos olhos, indica estudo
Pesquisadores fazem acompanhamento da saúde ocular de pessoas que tiveram chikungunya em Feira de Santana, na Bahia. De 2015 para 2016, casos de chikungunya aumentaram 606%

A característica mais marcante da chikungunya são as fortes dores nas articulações, que podem persistir por muito tempo depois da fase aguda da infecção. Lesões vasculares, inchaço, perda de sensibilidade e até queda de cabelo são sequelas que já foram identificadas na fase crônica da doença. Agora, pesquisadores brasileiros estão monitorando as complicações oculares que o vírus transmitido pelo Aedes aegypti pode desencadear.
Resultados preliminares de um estudo conduzido em Feira de Santana, na Bahia, indicam que mais da metade dos pacientes com chikungunya avaliados apresentam alterações oculares que levaram, em alguns casos, à perda parcial ou total da visão de forma irreversível. Os dados foram apresentados em fevereiro no 40º Simpósio Internacional de Oftalmologia Moacyr Álvaro (Simasp), em São Paulo.
O oftalmologista Hermelino de Oliveira Neto, professor da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) está à frente do projeto, feito em parceria entre a UEFS e pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
A literatura médica já apontava para a possibilidade de a chikungunya afetar a saúde ocular. Um artigo de 2007 publicado na revista “Clinical Sciences” descreveu casos de neurite óptica, um tipo de inflamação do nervo óptico, em pacientes infectados pelo vírus na Índia. Mas o número elevado de casos registrados no Nordeste do Brasil permitiu fortalecer as evidências dessa associação.
Feira de Santana foi uma das primeiras cidades brasileiras a registrar casos de chikungunya em 2014. Uma iniciativa da Fiocruz e da UEFS passou a acompanhar pacientes com chikungunya na cidade para verificar os efeitos de longo prazo da doença. A equipe de Hermelino passou a fazer exames oftalmológicos nos pacientes que já eram acompanhados pelo projeto. O atendimento oftalmológico se dá uma vez por mês e começou em novembro. Até o momento, foram avaliados 87 olhos de 44 pacientes com exames positivos para chikungunya.

Do total de pacientes avaliados, 75% relatou queixas oculares, desde as mais simples até as mais intensas, e 54% apresentou lesão nos olhos. Em 5% dos pacientes, foi detectada uma lesão importante na retina e no nervo ótico que levou a uma baixa de visão severa e irreversível.
É importante termos o conhecimento de que essa doença cega. Tenho uma paciente que está cega por uma doença que poderia ser evitada”, diz Hermelino. Para ele, os resultados reforçam a importância de se prevenir a proliferação da doença e de estudar novas formas de intervenção que possam diminuir os riscos de complicação na fase aguda da doença.
Até o momento, ainda não está claro como o vírus atua para afetar a visão. Hermelino explica que existe uma suspeita de que o vírus agrida os olhos diretamente. Outra suspeita é que se trata de um fenômeno autoimune: que os anticorpos produzidos para combater o vírus levariam a um processo inflamatório intenso que afetaria os olhos.

Alterações oculares por Chikungunya

Neurite óptica
Conjuntivite
Iridociclite
Episclerite
Retinite
Uveíte



Fonte: Por Mariana Lenharo, G1

11/03/2017 06h00 Atualizado 15/03/2017 14h14