Páginas

domingo, 19 de junho de 2016

Pacientes com Glaucoma avançado X Maior risco de acidentes automobilísticos.






O primeiro estudo a comparar as taxas de acidentes dos motoristas que têm glaucoma avançado – doença ocular que afeta a visão periférica – com as taxas dos motoristas com visão normal, descobriu que os portadores de glaucoma apresentam o dobro do risco de se envolverem em acidentes de trânsito.

O estudo – realizado no Japão e que utilizou um simulador de condução – sugere que todos os motoristas devem passar por um teste de campo visual para garantir que apresentam uma visão periférica adequada, antes de obter a concessão ou a renovação da carteira de motorista.  Os resultados da pesquisa foram apresentados durante a  Reunião Anual da Academia Americana de Oftalmologia.

É preciso entender que o glaucoma pode restringir parcialmente ou severamente a visão periférica de uma pessoa, sem danificar a sua visão central ou sua acuidade visual. Isto significa que muitas pessoas que têm a doença são capazes de passar nos testes de acuidade visual, o que não significa que elas estão aptas a conduzir um automóvel, pois lhes falta uma boa visão periférica. É a visão periférica que nos permite avaliar e acompanhar o fluxo do tráfego, para que possamos nos manter na faixa adequada, e detectar semáforos, pedestres, veículos e outros obstáculos no meio do caminho.
Neste estudo, realizado na Escola de Medicina da Universidade de Tohoku, em Sendai, no Japão, dois grupos de 36 pessoas cada, foram testados usando um simulador de condução. O primeiro grupo era composto por pacientes com glaucoma avançado e o segundo grupo era composto por pacientes com visão normal. Os grupos foram pareados por idade, experiência de condução e outras características. O cenário de acidente mais testado foi a entrada repentina de uma criança, um carro ou outro objeto no caminho do motorista do lado. O grupo com glaucoma obteve mais do que o dobro de colisões que o grupo com visão normal.

Uma doença que afeta a muitos

O glaucoma é uma das principais causas de cegueira no Brasil e no mundo e um problema de saúde pública, visto que a principal consequência dessa moléstia é a perda irreversível da visão. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de 6,7 milhões de pessoas são cegas em decorrência do glaucoma.

O glaucoma é a segunda maior causa de cegueira na população mundial e perde somente para a catarata, que, ao contrário do glaucoma, é causa de cegueira reversível.

Estima-se que 66,8 milhões de indivíduos no mundo sejam acometidos pelo glaucoma primário de ângulo aberto (GPAA), sua forma mais prevalente, responsável por cegueira bilateral em 10%. Nos Estados Unidos, mais de dois milhões de pessoas são portadoras de GPAA e estima-se que até 2020, este número aumente para três milhões. No Brasil, apesar das dificuldades em obtenção de dados, estima-se que 500 mil brasileiros com idade acima de 40 anos apresentem glaucoma.

Quando não tratado, o glaucoma reduz a visão periférica e, eventualmente, causa cegueira por danificar o nervo óptico, que é o responsável pelo envio de sinais da retina para o cérebro, onde estes sinais são interpretados como as imagens que as pessoas enxergam. Apenas metade das pessoas que têm glaucoma está ciente disso, pois a doença é indolor e a perda de visão é muito gradual.

Conforme as populações envelhecem em todo o mundo, as autoridades de trânsito estão buscando mais medidas para garantir a segurança nas estradas. Nos Estados Unidos, por exemplo, a exigência de testes do campo visual varia de estado para estado, 12 das 51 jurisdições americanas já restringem licenças de motorista para condutores com deficiência visual. Alguns estados ou territórios exigem a instalação de espelhos adicionais nos veículos destes motoristas.

Os pesquisadores japoneses, autores do estudo, sugerem que para assegurar a segurança de todos nas estradas, seria importante a criação de novas diretrizes de visão para pacientes com glaucoma. A obrigatoriedade dos testes de campo visual como requisito para obtenção e renovação da carteira de motorista pode salvar muitas vidas.

Com assistência médica adequada, pacientes com glaucoma podem manter um nível de visão que permita uma condução segura, essencialmente nos casos em que o glaucoma é diagnosticado cedo e o paciente não apresenta perda significativa em seu campo visual. Isto porque quando o diagnóstico é feito no início da doença, o oftalmologista pode tratar o glaucoma apropriadamente, retardando sua progressão. A Academia Americana de Oftalmologia recomenda que todos os motoristas façam um exame oftalmológico completo, aos 40 anos, de modo que o glaucoma e outras doenças oculares relacionadas à idade possam ser diagnosticados e tratados precocemente para minimizar a perda de visão. 
Fonte: IMO.