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segunda-feira, 7 de novembro de 2016

MAPA DE ANATOMIA: O OLHO.

Que tal um pouco de poesia em nossas vidas?
Cecilia Meireles escreveu este belo poema sobre o olho.
O Olho é uma espécio de globo,
é um pequeno planeta
com pinturas do lado de fora.
Muitas pinturas:
azuis, verdes, amarelas.
É um globobrilhante:
parece cristal,
é como um aquário com plantas
finamente desenhadas: algas, sargaços,
miniaturas marinhas, areias, rochas,
naufrágios e peixes de ouro.

Mas por dentro há outras pinturas,
que não se vêem:
umas são imagens do mundo,
outras são invetadas.

O Olho é um teatro por dentro.
E às vezes, sejam atores, sejam cenas,
e às vezes, sejam imagens, sejam ausências,
formam, no Olho, lágrimas.

Leia mais: http://www.luso-poemas.net/modules/news03/article.php?storyid=234 © Luso-Poemas

Mapa de anatomia: o Olho
 
O Olho é uma espécie de globo,
é um pequeno planeta
com pinturas do lado de fora.
Muitas pinturas:
azuis, verdes, amarelas.
É um globo brilhante:
parece de cristal,
é como um aquário com plantas
finamente desenhadas: algas, sargaços,
miniaturas marinhas, areias, rochas, naufrágios e peixes de ouro.
 
Mas por dentro há outras pinturas,
que não se vêem:
umas são imagens do mundo,
outras são inventadas.
 
O Olho é um teatro por dentro.
 
E às vezes, sejam atores, sejam cenas,
e às vezes, sejam imagens, sejam ausências,
formam, no Olho, lágrimas.
 
O Olho é um teatro por dentro.
 
o achado poético provém da exuberante, da magistral: cecília meireles.
 
a poesia foi lançada no seu livro “o estudante empírico”, que reúne uma safra de textos escritos entre os anos de 1959 e 1964.
 
aqui, a poeta traça o que intitula de “mapa da anatomia”, um tipo de representação gráfica de um órgão que, segundo cecília, é uma espécie de pequeno planeta, de pequeno globo, o globo ocular: o olho. nas linhas, o status adquirido de “astro” é verificado no modo de escrevê-lo, sempre com letra maiúscula: o Olho.  
 
a partir daí, a descrição de tal estrela: o olho é uma espécie de pequeno planeta com pinturas do lado de fora. é como um aquário às avessas, um aquário onde o que é abrigado não está contido dentro, mas fora, na parte externa ao aquário — a paisagem que nos cerca, o mundo —. pinturas do lado de fora as mais variadas: azuis, verdes, amarelas, pinturas tropicais, pinturas compostas com as cores da bandeira brasileira, retratos de algas, sargaços, miniaturas marinhas, areias, rochas, naufrágios, peixes. 
 
no entanto, esclarece a poeta: por dentro desse aquário também há pinturas, porém pinturas de outra natureza, as que não podem ser avistadas: umas são as imagens do mundo, as interpretações nossas acerca do entorno; outras são inventadas: sonhos, desejos, insanidades.
 
(a percepção de que tudo o que habita este “planeta ocular” passa, sempre & antes, por uma interpretação, por um julgamento, por uma apreciação crítica de quem vê.)
 
portanto: o olho é um teatro por dentro.
 
e como teatro, os atores, ou a falta deles, os cenários, ou a ausência destes, nas peças existenciais (onde somos os artistas principais), formam, inúmeras vezes, em inúmeros momentos, por inúmeras razões, lágrimas. coisas do teatro, desta realidade fantástica, desta realidade das fantasias que vestimos nas atuações nossas de cada dia (rs)…  
 
assim como eu, apreciem este texto (sem moderação).
 
vale a mirada.
 
Paulo Sabino.
 

O Olho é uma espécio de globo,
é um pequeno planeta
com pinturas do lado de fora.
Muitas pinturas:
azuis, verdes, amarelas.
É um globobrilhante:
parece cristal,
é como um aquário com plantas
finamente desenhadas: algas, sargaços,
miniaturas marinhas, areias, rochas,
naufrágios e peixes de ouro.

Mas por dentro há outras pinturas,
que não se vêem:
umas são imagens do mundo,
outras são invetadas.

O Olho é um teatro por dentro.
E às vezes, sejam atores, sejam cenas,
e às vezes, sejam imagens, sejam ausências,
formam, no Olho, lágrimas.

Leia mais: http://www.luso-poemas.net/modules/news03/article.php?storyid=234 © Luso-Poemas