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domingo, 9 de junho de 2019

Violeta Junho contra o Ceratocone

Começou, neste sábado (1º), uma campanha que alerta contra um hábito que parece inofensivo: esfregar ou coçar os olhos. Só que ele pode provocar uma doença grave.
Ceratocone, sabe o que é? "Não tenho a mínima ideia, diz uma pedestre. É uma doença da córnea. Ela aumenta a curvatura, de forma irregular, e a córnea assume o formato de cone. Daí o nome ceratocone. Esta alteração provoca a distorção de imagens. Em casos graves pode levar à uma acentuada perda de visão.
Uma doença de nome difícil, quase desconhecida, muita gente tem e nem sabe! E o que é pior: uma das principais causas está na mão. Sabe aquela esfregadinha no olho? Quem nunca, né? Parece inofensiva, mas não é!
“É automático. O movimento involuntário mesmo. Coço, você bota a mão, não tem jeito”, conta Thiago de Souza, atleta.
“Principalmente quando eu tô muito na frente do computador, aí eu passo muito tempo, começo a esfregar o olho”, diz Mariana Grunewld, técnica operacional.

O hábito dessa coçadinha no olho saiu caro para Aline Brito. Ela precisou fazer cirurgia. “Eu descobri muito por acaso. Eu não apresentei sintoma algum, pra mim foi uma doença muito silenciosa. Se avançasse chegaria a um ponto que eu precisaria de transplante de córnea”, comenta Aline Brito, estudante.
O doutor Renato Ambrósio Júnior, especialista em córnea, diz que a incidência da doença vem aumentando no mundo inteiro. Segundo as estatísticas, há um caso para cada 2 mil pessoas. Daí a campanha Junho Violeta, apoiada pela Sociedade Brasileira de Oftalmologia.
"A melhor forma de prevenir é explicando para o paciente não coçar os olhos. A gente tem alguns pacientes que pararam de coçar os olhos e reverteram a doença e melhoraram espontaneamente sem fazer cirurgia nenhuma. Isso entra no cotidiano, na cultura popular, certamente a gente vai diminuir a incidência do problema e certamente se esse problema acontecer, vai acontecer de forma menos grave e isso vai ser melhor pra todo mundo”, destaca Renato Ambrósio Júnior, oftalmologista.



Alérgico, o servidor público Rafael Santos passou a vida esfregando os olhos. Quando soube que não podia, a doença já estava bem avançada e o médico viu de primeira: “quando eu virei de lado, ele olhou: você tem ceratocone, já falou assim na lata. O caso do meu olho direito estava tão avançado que eu tive que infelizmente ir diretamente ao transplante de córnea".
O doutor Walton Nosé diz que o transplante só é feito em último caso. Quando se descobre o ceratocone no início, o tratamento é mais simples: “Tem vários recursos óticos que a gente pode utilizar. Começa com óculos, lentes de contato, anel corneano, tem vários tratamentos antes do transplante de córnea, se precisar, mais a ideia da campanha é a prevenção para evitar esse tipo de ação mais agressivo”.
Rafael já vem fazendo campanha: “nossa, qualquer pessoa que coça o olho pra mim, eu falta dar um tapa: não coce! Pelo amor de Deus, não coce, cuidado que pode dar problema sério”.

"Pode parecer inofensivo, mas coçar os olhos com frequência pode provocar deformações irreversíveis nos olhos. Acho que umas das melhores mensagens dessa campanha do ceratocone é que, além de conscientizar sobre uma doença pouco conhecida, ela orienta sobre uma mudança simples de hábito que pode ser decisiva" afirma Dra. Telma Justa do Centro Visual Valter Justa.