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sábado, 1 de abril de 2017

Dor de cabeça e Visão





A dor de cabeça pode surgir de repente ou dar sinais de sua chegada com horas de antecedência. Quando vem, pode se manifestar como pontada, um aperto nas têmporas, como se fosse o efeito de um forte torniquete em cima dos olhos, como uma dor pulsante em um ou ambos os lados da cabeça… Sua intensidade também varia de incômoda a muito severa, de tal modo que sua vítima não consegue sequer abrir os olhos. Seu nome é cefaleia, a popular dor de cabeça, queixa mais comum nos consultórios. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Cefaleia, a cefaleia é um fenômeno universal que atinge 90% da humanidade.
É muito comum que as pessoas que sofrem com freqüentes dores de cabeça atribuam a dor a comprometimentos oculares. Na realidade, os problemas de visão raramente são causa das formas mais comuns de cefaleia.
Os vícios de refração, geralmente em graus baixos, como miopia, hipermetropia e astigmatismo, quando não corrigidos com óculos ou lentes de contato, provocam cefaleia ao final do dia. Outra possibilidade para a dor de cabeça ser fruto de um problema ocular é quando o paciente apresenta insuficiência de convergência, uma alteração da motilidade ocular com incapacidade ou dificuldade de coordenar os dois olhos na visão de perto. E por fim, há alguns tipos de glaucoma que provocam esta dor: geralmente o chamado crônico simples ou o primário de ângulo aberto.
A confusão ao relacionar a dor de cabeça aos problemas oculares é muitas vezes provocada pelos sintomas da enxaqueca e da cefaleia em salvas. De acordo com a Sociedade Brasileira de Cefaleia, uma crise típica de enxaqueca é reconhecida pela dor que envolve metade da cabeça, piora com qualquer atividade física. Em geral, vem acompanhada por outros sintomas, como náuseas, vômitos, intolerância à luz, odores, barulho e movimentos. Outra característica menos comum, porém diagnosticada em portadores de enxaqueca, é a presença da aura – um conjunto de reações neurosensoriais que se manifestam, em geral, antes das crises. São flashes de luz, falhas no campo visual ou imagens brilhantes em ziguezague.
Já as crises de cefaleia em salvas apresentam-se sempre do mesmo lado da cabeça, em volta do olho, na fronte, na têmpora ou até na face. São de intensidade elevada e lancinante. Duram de 15 minutos a três horas. Aparecem em dias seguidos ou alternados, com freqüência de uma a oito vezes por dia e em horários semelhantes, de dois a quatro meses por ano. São muito comuns durante a madrugada e já chegam de forma intensa. Estão associadas ao seu surgimento: vermelhidão ocular, lacrimejamento e entupimento (às vezes, corrimento) nasal do mesmo lado da dor.
Dor de cabeça x problemas oculares
Apesar de não estarem diretamente relacionados, dor de cabeça e problemas oculares estão associados, em alguns casos. Um estudo publicado na revista americana Neurology, em2007, revelou que pessoas que sofrem de enxaqueca ou outros tipos de dor de cabeça correm o risco de apresentarem um quadro de retinopatia, uma lesão da retina que pode causar problemas de visão e até cegueira.
A pesquisa americana ouviu 10.902 homens e mulheres, brancos e negros, com idade entre 51 e 71 anos. Segundo o estudo, 22% dos integrantes do grupo tinham antecedentes de enxaqueca e dores de cabeça. As comparações revelaram que os que sofriam mais dores de cabeça eram jovens, brancos e, em sua maioria, mulheres. Também foi descoberto que aqueles que sofriam de dor de cabeça tinham de 1,3 a 1,5 vezes mais chances de apresentar um quadro de retinopatia.
Segundo Katryn Rose, oftalmologista da Universidade da Carolina do Norte e autora do estudo, as pessoas com idade média (adultos jovens) com histórico de enxaquecas e dores de cabeça têm mais chances de desenvolverem uma retinopatia. Esta associação apareceu depois que foram levados em conta fatores como o diabetes, os níveis de glicose, o consumo de tabaco, a pressão sanguínea e o uso de remédios contra pressão alta. As conclusões da pesquisa também reforçaram um estudo anterior que vinculou a dor de cabeça e a retinopatia aos acidentes vasculares cerebrais (AVCs).


Fonte: IMO